terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Cenas Improvisadas de Um Próximo Capítulo

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Ao que me deparo, junto a outros olhos em minha volta
Um mendigo agarrado à uma placa qualquer da rua
Seu corpo com linguagens aleatórias
Seus olhos perdidos
E a expressão vazia de seu rosto

Cada movimento parece cadenciar seus desejos indecifráveis
As rugas que acusam sua idade, as roupas que não o servem
A confusão provocada pela cena inesperada
E meus olhos que não conseguem desviar desta atenção

De repente um corte...
...de repente o mendigo sangra...
Suas mãos se elevam ao rosto
As lágrimas que se misturam com a dor

Não a dor causada pelo brincadeira inconsequente
Não o sangue que pinta sua face assustada
Mas pelas lágrimas que o trouxeram por alguns segundos à realidade
Desvendada a chave que o trás ao lugar que sempre quis fugir

Junto com as lágrimas, surgem as lembranças de uma infância ingrata
O frio causado pela ausência de carinho paterno
A fuga tornara-se o melhor refúgio
Mesmo com o corpo abusado pelas ruas que lhe trazia abrigo...

...de repente o sinal assinala um verde estranho
E me vejo em meio à uma normalidade doentia de não ser diferente
Tentanto desentrelaçar o nó que ocupa minha garganta(...)
E o mendigo, em seu refúgio seguro, volta a brincar na placa de uma rua qualquer

Binho
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