segunda-feira, 23 de abril de 2012

Se Fosse Verdade A Ilusão Dessa Vez

Uma canoa simples que balança em uma lagoa qualquer do subúrbio da cidade
Em uma noite fria de noite estrelada e uma lua nua em seu brilho magistral
Há uma harmonia insuportável entre as silhuetas do pescador com o perder do meu olhar(...)

Há um frio irritante que me faz sorrir; - E uma tristeza convidativa da solidão.
O ar que respiro que me deixa sem fôlego
Não é o ar que me alimenta
Mas o respiro que me sustenta

Mesmo nu, não me envergonha teu olhar em mim
Tantas mentiras contadas que me deixaram pintar uma parede azul
Um traço escuro e um sombreado que contrastam minha ansiedade infantil
Como se a pintura escondesse algum grito de desespero

E uma cantiga que há tempos não ouvira desde pequeno(...)
O que me toca não faz sentido para os outros
Exctasia minha alegria e alimenta isolamento
Me deixa voar por onde quero ir
E me prende quando preciso voltar

Eu precisaria ser diferente para ser igual
Volto a pensar em voar novamente
Tentando retonaar entre as distrações de uma vida real e agitada
Eu precisaria voar para voltar ao normal(...)

Depois que a luz se apagar são meus sentidos que não me deixam dormir
Eu sei que não deveria expressar minhas armaguras enquanto sonho
Mas acordo assustado e reconheço minhas frases
Tão erradas, tão equivocadas e tão verdadeiras; - um real insentato e ofensivo para mim.

Fabiano da Ventura.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Meu Momento que Ainda é Seu

Fiz uma canção para você
Com acordes imprecisos e inesperados
Com letras enfatizando mágoas e flores
Retiradas de tuas lágrimas e sorrisos

Fiz uma cantiga de ninar
Com meu sorriso bobo e olhar encantado
Dedilhando meu violão há tanto esquecido
Dedicando teu sono em sonetos monocórdios

Desenhei teus olhos em folhas canzon
Com meus lápis 6B e meus traços irregulares
Trouxe novamente tua atenção à mim
Trouxe novamente ressentimentos e um pouco de giz à óleo

Escrevi um poema com teu nome
E nele meus parágrafos eram desconexos
Que terminavam sempre em reticências
Para nunca terminar o que a realidade me afanou

Ofereci meu dia-a-dia
Te tratei como poesia
Lutei com frenezia
Enalteci à ti uma forma de supremacia

Hoje deixei o dia voltado à mim
Pintei meus quadros acinzentados
Terminei meus textos de frases inacabadas
Mudei meus móveis de lugar

Dediquei meu dia à você
Os cinzas deram cores as tuas cores preferidas
Minhas frases dedicaram as abreviaturas do teu nome
E voltei a deixar meu quarto do mesmo modo quando você deixou

Binho.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Acordar em Mim

Há um sol que reflete minha sombra obscura numa parede estranha
O escuro me consola porque eu me mostro com os olhos fechados
Deixo meu rosto exposto na plenitude de um segundo cinzento
Uma nuvem ou as mãos que escondem o rosto; - Ainda sou sincero apenas na escuridão

Mas um sorriso ainda me faz acordar desse sono fugitivo
Como se fosse uma peça clara no contraste do preto e branco
Que se encaixa com extrema perfeição
O destino que me cruza ou apenas uma ilusão de ótica(?)

Ainda moro em meio às ruinas derrubadas pelo tempo
E eu me misturo ao contraste amarelado desse sol
Um retrato abstrato tomando champanhe aos olhos informais
Minha boca brinda tua vontade, mas meus olhos lagrimejam querendo fugir

Mas ainda lembro daquela peça que se encaixa
Uma orquestra pessoal
Tocando meus sucessos preferidos
Declamando tentativas exageradas de sentimentos...
...mesmo assim a calmaria acontece, logo a frenesia permanece(...)

Para mim o que importa agora será minha ignorância de amanhã
Um tolo sentindo os dedos dormentes, olhando sua pele envelhecida
Procurando um momento só seu
O tempo que sempre tenho quando não preciso ter.

Fabiano da Ventura
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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Pedaço de mim

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Minhas mãos que sempre dedilharam violões desafinados
Que seguraram folhas desmentidas do meu ser
Se recusam a escrever teu nome em poesias
Se recusam tocar tua foto que emoldura tristemente minha mesa

Tua ausência causa um buraco sem sentindo em minhas frases
Mesmo teu perfume, esquecido no fundo do armário, intoxica minha saudade
Me recuso a escutar adjetivos do teu nome;- Amor;- Dor(...)
Mas mesmo embebido de solidão e as ironias de Cazuza, ainda doem revivências...

Sou um pedaço de necessidade que finge ignorar dependência
Um espaço reservado em lugares inabitáveis
Ainda assim reconheço as dores de Serj Tankian
Ainda assim finjo sorrir por educação sóbria

Hoje as músicas tristes me fazem feliz
Hoje eu tenho momentos só meu (que eu não gostaria de ter)
Hoje morrerei deitado ao submerso
Hoje voarei disperso (...)

A cada intervalo entre refrões eu sentirei sua falta
Mesmo assim eu educarei meu sorriso para ser uma cortina
E quando sem querer eu sentir o abraço voluntário me tocar
Sei que não controlarei minhas lágrimas, mas ainda assim serei um pedaço de felicidade.

Binho.
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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Quem Sabe Um Dia Jamais

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Em que muro abandonado estará escrito teu nome?
Com letras de formas e linhas desconexas que traçam uma frase qualquer
Preenchendo a tinta desgastada com um azul fosco e desbotado
Numa essência escondida, do sentimento sigiloso por não merecer mais sentir

Às vezes eu acordo com vontade de dormir
E durmo pelas linhas parafraseadas do despertador que me incomoda
E teu rosto me aparece como um sol desnecessário num dia nublado
Persistindo num sorriso lindo que minha fuga repentina desfoca

Me distraio olhando ruas vazias e prédios habitados por estranhos
Meus passos se tornam cada vez mais descompassados
Mas continuo ao teu lado
Seguindo em silêncio pela avenida, amordaçando minha boca para não calar a tua (...)

Queria escrever teu nome numa parede abandonada qualquer
Rabiscar uma frase qualquer para disfarçar meus desejos
Tocar seu rosto sem querer
Te admirar, te observar balançar os cabelos que o vento bagunça inesperadamente

Hoje eu traduzo minhas cifras para uma música triste
E cada lembrança que surge, volto a re-escrevê-las
Assim como uma manhã de frio tolera a neblina
Assim como uma viagem entorpece a saudade de quem fica

Hoje eu sou assim
Escrevo teu nome em muros imaginários
Aqueço em silêncio meu peito com tua voz que me acalma
E o desejo de estar perto será sempre meu medo de fugir

Binho
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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Teu nome em segredo

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Ouve-se a fonte isolante do mal que navegou em círculos
Alguns vestígios de mágoa entre as águas; - Entre as lágrimas resurgiu um sol
Apenas os bordões das músicas mais tristes refletem os tons mais íntimos da solidão
E com o sol renascido e as letras declamadas, posso conduzir meu horizonte a um lugar desconhecido e só meu

A ponta de um lápis em uma superficie plana ousa recriar pensamentos desvaneios
Cada ponto exclamado reclama um ponto de interrogação
Em cada contorno de uma letra que escrevo, tua imagem aparece como um vulto feliz
E me traz sentido pleno, mesmo sentindo a luz fúnebre sobre meu corpo e um silêncio amordaçando minhas angústias

E eu continuo declamando o poema com teu nome:
"...Quero me alimentar do teu abraço e ser refúgio eterno.
Quero me guiar pelos teus olhos que me consolam e me trazem paz.
Ser um recanto aos teus anseios e ser um seio que te alimente em prazer singular..."

Sou pele, mas não o cheiro
Sou calor, mas não o corpo que acalenta
Sou absinto, mas não sexo
Sou abismo e também a queda

Mas no fundo não sou nada
Nem uma palavra de consolo
Nem um rosto conhecido em um mundo distante
Apenas o oposto, apenas o desgosto de lutar por aquilo que não acredito

Mas a metade de mim ainda espera o sorriso sincero
O complemento do olhar meigo que acaricia o coração
O cheiro de uma flor desconhecida
E a pele que acaricia a carência eterna de ser amado

Outrora eu seria uma linha firme em um desenho abstrato
Quem sabe um desejo discreto pelo teu carinho
E se teu abraço vier em meu encontro, como deverei reagir?
E se teu abraço nunca acontecer?

Uma folha esquecida entre os livros de uma estante
Um número desconhecido que insiste em ligar
E um lugar que ninguém possa alcançar
Minhas metáforas revelarão um dia quem eu gostaria de ser.


Binho
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quarta-feira, 6 de julho de 2011

Finais Tristes em Dias Felizes

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O que abre em meu peito não é apenas pele e calor

Com a cabeça virada para o céu

Com o refúgio negro dos olhos fechados

Em algum lugar ao sol em vista de 360 graus



Meu corpo se conforma com a plenitude do clima

Mas meu espírito não

Ele quer se libertar por horas

E sentir os braços abertos sem as cordas da vida real



Preciso do vento para descongelar a imagem estática de meus olhos

Minha feição indeterminada automatiza respostas óbvias

Assim como o respiro é providencial, mas o suspiro não

Como um livro aberto revelam idéias, mas o pensamento não



Quero acreditar em mitologias e adorar deuses

Acreditar que meu sorriso um dia surgirá sincero

Com a mesma sinceridade que Himalia ensinou

Como uma foto colorida desbota a cada saudade sentida



Ao meio do nada ao menos nada pode me alcançar

E sei que o toque que eu sentir não será de ninguém

Não haverá poesias e nem músicas declamadas ao pôr-do-sol

Apenas uma alma tocando meu corpo depois de uma longa viagem feliz



Binho

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